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Amistoso entre Máquina Tricolor e Seleção Cuiabana em 75 foi repleto de histórias e curiosidades
Por Thiago Lima – GE
Defendendo uma invencibilidade na Arena Pantanal, o Fluminense visita o Cuiabá neste sábado, às 21h (de Brasília), em busca de sua primeira vitória no Campeonato Brasileiro. Apesar de ter só dois jogos no estádio, o Tricolor tem uma ligação maior com o local.
Seleção Cuiabana e Fluminense na pré-inauguração do Estádio Verdão em 1975 — Foto: Acervo/Ruiter de Carvalho
No mesmo endereço onde fica a Arena Pantanal havia um outro estádio, de nome Governador José Fragelli, também chamado de “Verdão”, que foi inaugurado com um “batismo” da Máquina Tricolor contra a Seleção Cuiabana em amistoso no dia 12 de março de 1975. Um jogo cheio de curiosidades.
Parou a cidade
Construído para ser a casa do futebol mato-grossense, e com ambição de receber jogos do Campeonato Brasileiro, as obras do José Fragelli tiveram início em janeiro de 1974 e foram aceleradas com a missão de inaugurar o estádio antes do término do mandato do governador, que ia até o final de 1975. Deu tempo, e o time escolhido foi o Fluminense da Máquina Tricolor, de Rivellino, Félix, Zé Mário, Mário Sérgio, que seria bicampeã carioca em 1975 e 1976.
Fluminense na inauguração do Estádio José Fragelli em Cuiabá — Foto: Reprodução
“Inauguração do Verdão com renda recorde”, estampou em sua manchete o jornal “O Estado de Mato Grosso” no dia seguinte. Segundo a publicação, o primeiro lote de 20 mil ingressos acabou rapidamente, e o público lotou os 35 mil lugares disponíveis (a capacidade seria ampliada no ano seguinte para 55 mil pessoas). Ainda de acordo com o periódico mato-grossense, a renda não divulgada de forma oficial passou dos Cr$ 500 mil cruzeiros.
As escalações:
- Fluminense: Félix (Roberto), Toninho, Silveira (Pescuma), Assis e Marco Antônio (Zé Maria); Cléber, Zé Mário e Zé Roberto; Gil, Manfrini (Cafuringa) e Rivellino (Mário Sérgio);
- Seleção Cuibana: Carlos (Saldanha), Djalma Santos (Paulinho), Nélson, Jorge e Bola (Belmar); Magela e Ruiter; Tuta (Dirceu Batista), Pastoril, Carlinhos (Gilson Lira) e Odenir (Rômulo).
O voo solo de Gil
De um lado, a Máquina Tricolor de Rivellino, Félix e companhia. Do outro, a Seleção Cuiabana com o craque Djalma Santos, um dos maiores laterais-direitos de todos os tempos e que esteve em quatro Copas do Mundo (na época ele já havia se aposentado, estava com 46 anos e era supervisor do Operário de Várzea Grande, mas recolocou as chuteiras para jogar alguns minutos). Só que quem roubou a cena foi Gil.
Búfalo Gil disputou ao todo 172 jogos e marcou 75 gols pelo Fluminense — Foto: Flu-Memória
“Jornal do Brasil” destaca afirmação de Gil após a partida — Foto: Reprodução / Jornal do Brasil
Jogador com insolação
Famosa por suas altas temperaturas e sensações térmicas, a cidade de Cuiabá registrou uma tarde de muito calor no dia da partida. Então presidente do clube, Francisco Horta declarou ao Jornal do Brasil do dia 14 de março de 1975 que o termômetro na capital mato-grossense registrava 42º graus. Os jogadores sofreram, e segundo o jornal “O Globo”, da mesma data, o meia Manfrini chegou a ter um princípio de insolação, o que teria sido o motivo de sua substituição por Cafuringa no intervalo.
“Gol fantasma”
Como assim? Acontece que o placar do jogo foi um resultado da discórdia na imprensa na época. Isso porque jornais como “O Globo” e “O Estado de Mato Grosso” publicaram a vitória tricolor por 2 a 0. Porém, outros periódicos, como o “Jornal do Brasil” e o “Jornal dos Sports”, deram que o resultado foi de 2 a 1 para o Fluminense.
“Jornal dos Sports” (em cima) e “Jornal O Globo” (em baixo) deram placares diferentes — Foto: Reprodução
“Entreguem as taças”
Seja 2 a 1 ou 2 a 0, fato é que o Fluminense venceu o jogo e ganhou o “Troféu José Fragelli” das mãos do próprio governador. Por ter sido o autor do primeiro gol no estádio, Gil também foi premiado com o “Troféu José Garcia”, que viria a ser o sucessor de Fragelli no governo local. E segundo o “Jornal do Brasil”, a diretoria tricolor pagou um bicho de Cr$ 700 cruzeiros aos jogadores pela vitória.
Os políticos José Fragelli e Garcia Neto entraram em campo com os jogadores — Foto: Acervo/Ruiter de Carvalho
Outros jogos no estádio
Após a inauguração, o Fluminense ainda voltou a jogar mais cinco partidas no estádio antes da demolição em 2010 para as obras para a Copa do Mundo de 2014. O Tricolor perdeu para Dom Bosco e Juventude-MT, empatou com o Mixto e ganhou duas vezes do Operário-MT. A estatística é do historiador João Boltshauser, especialista na história do clube:
- Dom Bosco 2 x 1 Fluminense (Brasileirão de 1978)
- Mixto 1 x 1 Fluminense (Brasileirão de 1981)
- Operário-MT 3 x 4 Fluminense (amistoso em 1995)
- Juventude-MT 4 x 1 Fluminense (Copa do Brasil de 2001)
- Operário-MT 2 x 3 Fluminense (Copa do Brasil de 2006)
Legal essa noticia, não sabia disso.
Nós somos a historia!
Achei engraçado a manchete do jornal falar em recorde…afinal era ou não a inauguração do estádio??? Kkkk