Tarde-noite de um domingo típico carioca trouxe às alamedas ao redor da Eurico Rabelo um ar de final. Confesso que não esperava ver tantos tricolores 108 dias depois do último encontro naquelas ruas e nem tanta confiança depois de minutos e minutos de desprezo à sagrada hóstia esférica, maltratada que foi nos últimos jogos.
Confiança só justificada pois o jogo era contra um atual fantasma do futebol carioca, cuja cor predominante realmente conversa com a morte. O profundo negro era a negação da Luz que o Futebol proporciona.
Mas eu, tal qual um cego, procurava absorver as cores do ambiente e cada vez mais e mais tentava sentir o clima, da torcida e seus matizes, porque O futebol realmente não entrara em campo.
Que desorganização! Que falta de respeito às regras centenárias do jogo! Um time não entrara em campo e o outro, com o monocromático fúnebre, era um monte de pernas desprovidas de tudo.
No entanto fui obrigado a sentir o cheiro do desprezo quando um desqualificado conseguiu rabiscar a defesa e, depois, com escárnio, chutar o símbolo da tradição carioca. A bandeira do Fluminense sofreu uma agressão e não foi defendida por ninguém em campo? Onde estávamos com a cabeça que não invadimos as quatro linhas para reerguê-la e defenestrar para sempre o infame agressor?
Eu ainda sem conseguir abrir os olhos, pude sentir a força da alegria voltar, com o time que finalmente daria à Fênix seu lugar na cancha de jogo. O Time não tinha meia. Aliás, Abel, o que você tem contra o jogo? Vai continuar na insistência eterna de um esquema que, sem o Ruf-Ruf, não faz o menor sentido manter?
O voo cego continuava e mesmo com a entrada do grande carrasco não pude suportar, pois esta precedeu algo que parecia a abertura do cadafalso: um inesperado gol simbolizando nossa sentença final.
Evolei-me e desapareci.
O Cego agora, esfumaçado, só permaneceu no estádio com o espírito enfurecido. Só pude sentir o êxtase da classificação à final na conexão inequívoca com a torcida de mais de 20 mil almas tricolores que não desistiram. Eles fizeram um grande e uníssono L junto com o Cano, com o Ganso e com o Fred.
Um: artilheiro do presente.
Outro: o feiticeiro injustiçado.
E Fred o eterno carrasco do bairro.
Vocês nos deram esperança. Não nos matem nos próximos 2 jogos.
Essa é a Coluna em 3 Cores de hoje e
Eu sou o Cronista Vidente Tricolor
Fernando Barcellos
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