O futebol do Fluminense de Diniz ajuda a preencher o vazio da despedida de Fred

É claro que Fred era a razão que levou quase 65 mil pessoas ao Maracanã. Era por ele que o estádio pulsava, era pela celebração do ídolo, de um caso de amor. Foi por brindar uma relação de identificação e pertencimento que uma partida de 16ª rodada de campeonato ganhara ares de final. Se numa decisão de título ou se ganha, ou se perde, na despedida de um jogador histórico também há uma sensação de que não há volta: não há como reescrever a última página.

E quando se diz que este Fluminense tem, quando realiza suas melhores atuações, o futebol mais agradável do país no momento, é preciso reconhecer que a partida de sábado nem foi uma destas grandes exibições. Ainda assim, houve momentos preciosos. Um deles logo no começo do jogo, uma construção típica desta equipe, com jogadores agrupados em torno da bola, trocando passes curtos até o cruzamento para Cano perder ótima oportunidade de gol.

A bola sai da área defensiva, chega ao lado esquerdo e, como em tantas outras vezes, mais de meio time do Fluminense se concentra em torno dela. Como em tantas outras ocasiões, o adversário é atraído, até que uma inversão encontra Samuel Xavier pela direita. O passe do lateral aciona Cano, que encontra Matheus Martins. Tudo executado com a clarividência de quem sabe o que busca em campo.

Nem tudo foi brilho, é verdade. No primeiro tempo, o Fluminense teve posse, controle, mas menos oportunidades do que indica o volume de jogo. Além de certos desequilíbrios, da escassez de opções de reposição em setores do elenco, há outro fator que pode separar este Fluminense bonito de se ver da real disputa pelo título: a saída de Luiz Henrique aprofunda uma carência de jogadores velozes e de qualidade no ataque, capazes de enfrentar a marcação com drible e desequilíbrio e, principalmente, que ataquem a profundidade, as costas da defesa rival. É comum ver o time trocar passes, mas faltar o movimento de ruptura, de infiltração. Resta saber como chegarão Alan e Marrony.

Mas foi o bastante para que o capítulo final da história de Fred como jogador do Fluminense fosse escrito com vitória. A partir daí, o Maracanã viveu a mistura de sensações típica das ocasiões em que um ídolo sai de cena. Além das lágrimas, dos cantos e dos acenos, fica claro que todas aquelas pessoas queriam estar ali, como se atendessem a um compromisso com um dos seus. Ao mesmo tempo, não queriam que o momento chegasse. Se fosse possível, fariam o tempo parar.