Mário vê Fred como maior ídolo do Fluminense: “Merece uma estátua”

Por Thiago Lima — Ge.com

Fred ou Castilho, quem é o maior ídolo da história do Fluminense? Há dois anos, uma eleição com 100 jornalistas colocava o goleiro, recordista de jogos no clube (698 partidas) e que amputou o dedo mindinho da mão esquerda para não desfalcar o time por muito tempo, no topo da “cadeia da idolatria”. Mas para o atual presidente do clube, o camisa 9 vence a disputa pelo contexto. Advogado, Mário Bittencourt defende seus argumentos:

– É o maior ídolo meu, como torcedor, e acho que é o maior ídolo do clube da era moderna. Acho que os dois maiores ídolos são Fred e Castilho. O Castilho por ter amputado uma parte do seu corpo para jogar pelo clube em uma época em que o futebol era um pouco mais amador, hoje é um grande negócio. E por que acho que o Fred se coloca nessa prateleira? Para mim é o maior porque não vi o Castilho jogar. Quem viu, meu pai por exemplo, é aficionado pelo Castilho.

Fred é abraçado pelos companheiros no Fluminense — Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense FC

Fred é abraçado pelos companheiros no Fluminense — Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense FC

“Merece uma estátua. Mas acho que seria muito bonito se isso partisse de fora para dentro. Se a torcida conseguisse dar isso de presente ao Fluminense e a ele”.

– De que forma? Sei lá, fazendo um “crowdfunding” (financiamento coletivo), a torcida se juntando para fazer. E eu já me coloco aqui à disposição de repente como primeiro torcedor a fazer a contribuição para a estátua do Fred. Se a torcida fizer uma estátua dele, se for um desejo dela com a contribuição de cada centavo vindo do torcedor, do mais humilde ao mais rico, seria fantástico. Seria histórico pelo fato de saber que o símbolo que vai ficar pelo resto da vida foi feito pela torcida que ama o seu ídolo.

Atualmente nas Laranjeiras há três bustos na entrada do clube: o de Castilho, inaugurado em 2006, teve parte dos recursos proveniente da comercialização de uma camisa fantasia, em número limitado e em três versões nas cores cinza, preta e azul – inspirada no modelo que o goleiro usava. Já os bustos de Assis e Washington, o Casal 20, inaugurados em 2015, foram feitos a partir de um “crowdfunding” e da venda do livro “Washington & Assis – Recordar é viver”, dos autores Heitor D’Alincourt, Dhaniel Cohen e Carlos Santoro.

Bustos de Assis e Washington foram inaugurados em 2015 — Foto: Divulgação

Contratado em 2009 na gestão Roberto Horcades, Fred conquistou dois Campeonatos Brasileiros, um Carioca e uma Primeira Liga em sete anos, consagrando-se como um ídolo tricolor. Mas em 2016, na administração Peter Siemsen, o camisa 9 foi vendido para o Atlético-MG por US$ 1,5 milhão de dólares (R$ cerca de 5 milhões na cotação da época), sob a alegação de que teria pedido para sair após se desentender com o técnico Levir Culpi. Internamente, entretanto, dizia-se que o contrato, com salários na casa dos R$ 800 mil, era impraticável. Quatro anos depois, o jogador retornou ao Fluminense na direção de Mário Bittencourt, que alegava ter “reparado um erro histórico”:

– O que eu posso dizer é que eu e minha filha, a primeira vez que vimos ele com a camisa do Atlético-MG, choramos muito. Eu sinceramente vejo que foi um movimento que não teve nenhum sentido. Acho que as pessoas que tomaram essa decisão na época deveriam se explicar do por que entendiam ele como jogador caro e logo em seguida trouxeram, sei lá, sete, oito, nove jogadores que somados custavam muito mais do que ele ganhava. Por isso sempre digo que trabalho com teto de folha, não de salário. Acho que faltou habilidade, entender o tamanho do ídolo junto com o clube.

Fred e Peter em na coletiva de despedida do camisa 9 em 2016 — Foto: Edgard Maciel de Sá / ge

Fred e Peter em na coletiva de despedida do camisa 9 em 2016 — Foto: Edgard Maciel de Sá / ge

Desde que retornou ao Fluminense, Fred sempre se mostrou publicamente grato ao presidente. Em suas palavras, foi quem o tirou “da quase depressão”. Fato é que os dois viraram grandes amigos ao longo da década passada, inclusive com aproximação das famílias. Como advogado do clube, Mário começou a defender o jogador nas pautas do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), e depois ficaram ainda mais próximos quando passou a ser vice-presidente de futebol.

– A gente sempre teve uma relação forte desde o início, uma empatia muito grande. Eu tenho algumas passagens com ele inclusive pessoais. A primeira palavra que a minha filha (Maria Isabel) falou na vida, depois de pai e mãe, foi Fred. Na verdade ela falava “Fredo”, com “o” no final. A primeira vez que ela entrou em campo foi no colo dele, quando tinha um ano e poucos meses, no jogo contra o Atlético-MG no Engenhão, no Brasileiro de 2012, aquele 0 a 0 que nosso gol foi anulado. Eu tenho essa foto até hoje – contou Mário, explicando que a relação aumentou após a Copa de 2014:

– Acho que foi depois da Copa do Mundo. Ele me ligou da Granja (Comary), muito abalado entre o jogo do 7 a 1 e a disputa de terceiro lugar. Estava muito triste, chorando muito, dizendo que não tinha mais vontade de continuar no futebol brasileiro, achava que dificilmente iria se recuperar aqui. Eu disse que ele tinha que voltar, acreditava muito que ia voltar a ser o grande goleador que sempre foi. Acho que dali em diante solidifica uma relação de amizade da vida inteira.

Resta um jogo para a despedida do ídolo. Se o penúltimo ato de Fred com a camisa tricolor deixou todos em êxtase contra o Corinthians, para Mário Bittencourt foi ainda um sentimento de orgulho. Afinal, foi o presidente quem demoveu o jogador da ideia de antecipar a aposentadoria no fim de maio, em razão do problema no olho esquerdo. Se o centroavante tivesse batido o pé naquela ocasião, nenhum desses últimos momentos mágicos para os tricolores teria acontecido.

Fred cumprimenta a torcida após o seu penúltimo jogo pelo Fluminense — Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense FC

Fred cumprimenta a torcida após o seu penúltimo jogo pelo Fluminense — Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense FC

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andre.luiz
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Um comentário

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