Dominante na final, o melhor Fluminense de 2022 prova que pode jogar mais

Por Carlos Eduardo Mansur

É natural que, para o torcedor tricolor, a taça de campeão carioca tenha sido o que o Fluminense levou de mais precioso da noite de sábado, no Maracanã. Mas olhando para o restante do ano, há algo fundamental que o desempenho dominante na decisão com o Flamengo pode oferecer: a certeza de que o tricolor pode jogar mais, pode ter repertório de jogo, pode se expressar com mais frequência.

Cabe pouca discussão sobre a importância do título neste momento da temporada. Este mesmo Fluminense já deixara escapar uma vantagem similar com uma atuação muito ruim diante do Olimpia, na Libertadores. Um novo desapontamento criaria um ambiente duríssimo para a sequência do ano, cercaria time e comissão técnica de dúvidas. O título, conquistado diante de um rival de investimento muito maior, naturalmente favorito, tem um evidente efeito moral.

Cano faz o L com o filho Lorenzo após título do Fluminense — Foto: Mailson Santana / Fluminense FC

Cano faz o L com o filho Lorenzo após título do Fluminense — Foto: Mailson Santana / Fluminense FC

 

Durante muito tempo, a discussão era como o Fluminense conseguiria ser um time capaz de defender sua área sem se tornar inofensivo do outro lado do campo. Em outros jogos, como contra o Botafogo, na semifinal muito mal jogada pelo tricolor, ficou totalmente exposto quando resolveu atacar. Na decisão, apareceu o melhor Fluminense de 2022. Um time equilibrado.

Foi por ali que Ganso e Arias combinaram para criar o lance do gol de Cano. Os meias do Fluminense estabeleciam sempre superioridade numérica e o time respirava com bola, por vezes criava. E, aliás, fora até cruel a forma como o tricolor sofrera o gol de Gabigol. Tão cobrado para não defender tão atrás, desta vez o Fluminense deixava o Flamengo desconfortável ao pressionar à frente. Mas levou o gol no único lance em que o rubro-negro tirou partido da situação: uma bola longa de Hugo, a casquinha de Bruno Henrique e a grande jogada de Arrascaeta, o melhor do Flamengo com alguma sobra.

Isto significa que o Fluminense está pronto para o resto do ano? É difícil cravar, porque a partir de agora resta saber se o time vai repetir partidas como esta, sem a pulsação de uma final: se será capaz de se impor quando for necessário e conveniente, sem abrir mão de um jogo com linhas mais recuadas contra adversários que dominarem a posse. Nestas circunstâncias, terá que encontrar as transições com mais frequência. E a ausência de Luiz Henrique num futuro próximo será sentida.

Por ora, a final de sábado indica que o Fluminense pode ter repertório, pode jogar mais, pode ser diferente. Mas significa, acima de tudo, que o torcedor tricolor tem todo direito a comemorar pelos próximos dias.

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andre.luiz
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