Peça-chave da equipe no ano, camisa 10 supera marca de 2019, quando diputou mais que o dobro dos jogos de 2022
“Foram três anos de muito aprendizado. Ainda não consegui conquistar o que vim buscar. Fome de muitos títulos, de gol, de estar ajudando o Fluminense. Espero que isso possa acontecer em 2022.”
Ao ser lembrada hoje, a frase dita por Paulo Henrique Ganso no início de janeiro de 2022 assume ares de profecia. O ano ainda não está nem na metade, mas o jogador já vive a sua melhor temporada no Fluminense, onde está desde 2019.
Além de conquistar o seu primeiro título no clube, o camisa 10, em cinco meses incompletos, tem sete participações diretas em gols em 2022: são quatro bolas na rede e três assistências, já superando seu primeiro ano com a camisa tricolor, quando teve seis participações diretas e disputou mais que o dobro de jogos.
Ganso comemora gol pelo Fluminense — Foto: Mailson Santana/Fluminense
– Espero que eu possa seguir fazendo os gols, ajudando a equipe, mas a minha função é de fazer o time jogar, passar a bola para os atacantes e deixar eles na cara do gol. Essa é a minha função. Se saírem os gols, a gente vai fazendo – disse o meia, que em 2022 já igualou os 1.116 minutos que esteve em campo em 2020 e passou dos 1.014 minutos que jogou em 2021.
Desempenho de Ganso ano a ano no Flu
Ano | Assistências | Gols | Participações diretas em gol | Número de jogos |
2022 | 3 | 4 | 7 | 20 |
2021 | 2 | 3 | 5 | 23 |
2020 | 2 | 1 | 3 | 32 |
2019 | 1 | 5 | 6 | 47 |
A melhor temporada de Ganso no Fluminense começou a se desenhar justamente em um momento em que poucos pareciam acreditar na volta por cima do meia. No início de 2022, o jogador figurou entre os reservas da equipe comandada até então por Abel Braga. Por conta da falta de criatividade que o time vinha apresentando no meio-campo, o camisa 10 passou a ser pedido pela torcida.
A primeira partida de Ganso em 2022 foi a vitória sobre a Portuguesa por 1 a 0 — o quinto jogo do Fluminense na temporada —, pelo Campeonato Carioca, quando atuou por cerca de apenas dois minutos. No duelo seguinte, quando o Flu venceu o Nova Iguaçu pelo mesmo placar, o meia esteve em campo por 19 minutos, e somente contra o Volta Redonda, no dia 19 de fevereiro, foi titular pela primeira vez — na ocasião, Abel Braga optou por levar a campo uma espécie de “equipe B”.
O futebol do time reserva tricolor no início da temporada vinha encantando mais, muito por conta do meio-campo que prezava mais a posse de bola e a troca de passes. Assim, Ganso foi buscando seu espaço na equipe e acabou conquistando vaga no time titular que disputou as finais do Campeonato Carioca.
Ganso na final do Carioca pelo Fluminense — Foto: MAILSON SANTANA/FLUMINENSE FC
Com as grandes atuações diante do Flamengo e o título carioca, acabou garantindo sua vaga como titular do Fluminense. Desta maneira, o camisa 10 recuperou a titularidade e o prestígio com a torcida, além de ter se transformado em uma peça fundamental para o time. Logo após a conquista estadual, o então técnico Abel Braga explicou como foi a virada de chave para a evolução de Ganso em campo.
– O que fiz foi simplesmente falar: “Você está com percentual X, com esse percentual, esquece”. Ele tinha vindo das férias, tido lesão no ano passado… Ou vai melhorar muito ou não vai jogar. Ele trabalhou, foi entrando e agora é quase que unanimidade. Ele conseguiu juntar as estações da equipe. A virtude é dele, capacidade dele individual e coletiva, ele se preocupa muito com coletivo – disse Abel em abril.
Jogadores do Fluminense comemoram o gol de Ganso contra o Junior Barranquilla com o técnico Fernando Diniz – Copa Sul-Americana, Maracanã — Foto: André Durão
Com a chegada de Diniz ao comando tricolor, o cenário, que já era positivo para o meia, só melhorou. Foi com o treinador, em 2019, que Paulo Henrique Ganso teve a passagem que vinha sendo lembrada como a melhor com a camisa do Fluminense — até agora. Com os melhores números pelo Flu desde que desembarcou no Rio, Ganso tem a confiança do técnico e da torcida para ampliar seus recordes pela equipe e confirmar a “profecia” do início do ano.
Com três gols nos últimos dois jogos, Ganso se tornou o segundo maior artilheiro do atual elenco, com 13 gols, deixando para trás Cano e Luiz Henrique, que têm 11 cada um. O camisa 10 só fica atrás de Fred, dono de 198 gols com a camisa tricolor.