Análise: Domínio do Fluminense sobre o Botafogo reflete diferença de estágio dos dois trabalhos

Análise: Domínio do Fluminense sobre o Botafogo reflete diferença de estágio dos dois trabalhos

Sob a marcação de Joel Carli, Samuel Xavier passa a bola para Cano no Nilton Santos Guito Moreto

O resultado do clássico entre Botafogo e Fluminense diz menos do que o jogo em si. Não que o 1 a 0 para os tricolores tenha sido injusto. Mas o placar magro não é capaz de refletir a diferença de estágio em que cada uma das equipes se encontra. O que ficou bem claro durante os 90 minutos.

A superioridade do Fluminense foi gritante. A ponto de não ser exagero dizer que a vitória pelo placar mínimo foi pouco. A partida terminou com 71% de posse para os tricolores. Até o gol de Manoel, aos 36 do segundo tempo, o domínio era ainda maior: 74%. A diferença nos passes dá uma noção ainda maior desta diferença. Foram 673 contra 118. Ou seja: quase seis vezes mais. Os dados são da plataforma Footstats.

— A estratégia não saiu como tínhamos planejado. A gente recuou demais, mais do que tínhamos conversado. Não foi o jogo que esperávamos — reconheceu o zagueiro alvinegro Joel Carli.

O Fluminense que conseguiu encurralar o adversário praticamente o tempo todo contra um Botafogo que jogou por uma bola sem encontrá-la é o retrato do quanto cada time já conseguiu assimilar as propostas de seu treinador. O curioso é que são dois trabalhos curtos, sendo que o de Luís Castro é até um pouco maior (três meses) do que o de Diniz (dois meses).

Algumas nuances ajudam a explicar o estágio mais avançado dos tricolores. Primeiro o fato de que os jogadores do Fluminense atuam juntos há mais tempo. Já o Botafogo está no meio de um processo de montagem do elenco. Contratou um time inteiro no início do Brasileiro e deve se reforçar ainda mais na janela do meio do ano.

O “Dinizismo”, como é chamado o jeito de jogar dos times do treinador, começa a ter mais regularidade no Fluminense. Esta já é a terceira partida da equipe com a mesma escalação inicial. E também a terceira vitória seguida — com uma boa atuação. Isso não significa, claro, que a equipe tenha sido perfeita no Nilton Santos.

Sem ser ameaçado atrás, o Fluminense teve muita dificuldade para furar a retranca do Botafogo, que superlotava sua área com até sete homens e não dava espaço para o rival concluir. O número de finalizações tricolores (dez no total, sendo seis na direção do gol) chega a ser muito baixo diante do volume de jogo. Assim como ter conseguido marcar apenas um gol.

— A gente sabe que, no futebol, a coisa mais difícil que tem é jogar contra linha baixa. E a mais fácil é marcar em linha baixa. Então o Fluminense tem todos os méritos. Fizemos um gol, mas criamos outras chances, tivemos volume de escanteio, chute, finalização… — defendeu Diniz.

A torcida, que alterna o humor em relação ao trabalho de Diniz, ontem o reconheceu e gritou seu nome após o jogo. Já ele fez questão de levar Felipe Mello, aniversariante do dia, até a mureta para ser parabenizado pelos tricolores.

Mas o grande homenageado foi Luiz Henrique. Teve atuação mais discreta no último jogo com a camisa do Fluminense (Arias e Nonato foram os grandes nomes, além de Manoel), mas foi erguido pelos companheiros e gritado pelos torcedores. Agora, vai se apresentar ao Bétis-ESP.

Na tabela, a distância entre alvinegros e tricolores não é tão grande assim. O Fluminense agora é o sexto, com 21 pontos. Já o Botafogo é o décimo, com 18.

O ponto negativo da tarde foi registrado antes do jogo. Na chegada, o ônibus do Fluminense passou no meio da torcida rival e foi atingido por uma pedra. O vidro de uma janela foi estilhaçado, mas não houve feridos.

Matéria escrita no jornal O Globo por Marcelo Neves
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andre.luiz
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Um comentário

  1. A tecnologia está se desenvolvendo cada vez mais rápido, e os telefones celulares estão mudando cada vez com mais frequência. Como um telefone Android rápido e de baixo custo pode se tornar uma câmera acessível remotamente?

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