Dilacerado fiquei ao sair sozinho, junto com mais de 27 mil desesperados de alma, e desci inerte e mudo as rampas que mais pareciam um fúnebre cortejo a desembocar na Rua Eurico Rabelo. Eu era um vagante.
E estava a pensar: seria eu o culpado por tal desfortúnio? Afinal a festa estava preparada e projetada. Sem soberba, sem requinte desnecessário, apenas com alegria. Alegria que se completava quando, antes do jogo, nas cercanias do Mário Filho, apesar de lúgubre, o céu parou de ameaçar.
Vi o cenário completo quando, ao entrar no estádio, nossa torcida preenchia, modestamente é verdade, a SUL e a LESTE.
E aí a culpa é minha por estar trajando outra camisa que não a que normalmente uso? Ou, quem sabe, por não ter ficado exatamente ao lado dos meus amigos ou na mureta que me apoia?
De ter escalado um Bigode sem Sangue e ainda em posição errada?
De não ter gritado gol aos 15 minutos quando, caprichosamente, o pé de CANO na bola não encontrou as redes?
De ter empurrado irresponsavelmente um jogador mondrongo do adversário sendo eu o último homem e cascudo conhecedor das regras, comprometendo, aos 20 do primeiro tempo, toda a partida?
De, fazendo parte de um grupo experiente, ficar desnorteado, não sabendo o que fazer contra um time cuja única glória é a de sempre nos confrontar?
Não, definitivamente não é minha culpa!
Não é a culpa desta linda torcida que só estava lá para aplaudir, tanto que não vaiou a equipe. Reconheceu o esforço final. E não vaiou muito mais por estar absorta e absurdada dessa bipolaridade de Montanha Russa do tamanho Everest que nosso Fluminense nos impõe.
Mas uma coisa não se perde e deve ser reforçada no dia de hoje. O meu eterno enamorar com as 3 Cores de maior tradição no mundo. E hoje, dia 12/06, meu amor pelo Fluminense se vê renovado!
Mas não podemos esquecer as lições! Não podemos aceitar a inépcia! Não podemos deixar de criticar os erros que já estão se tornando teimosia. Esses pontos perdidos farão falta. Agora é buscar os pontos impossíveis para compensar e remediar essa pequena traição que, mais uma vez, foi imposta à Torcida.
Esta é a Coluna em 3 Cores de hoje e
Eu sou o Cronista Traído Tricolor.
Fernando Barcellos
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