No Cuiabá, Eduardo Oliveira revê o ex-clube como adversário e diz ter tirado lições de Junior x Fluminense

Auxiliar técnico prevê Dourado dando mais trabalho na Série A e se prepara para reencontrar o Tricolor pela primeira vez em lados opostos: “Existe o carinho, mas também o profissionalismo”

Depois de cinco anos nas categorias de base do Fluminense, onde foi um dos responsáveis pela elaboração do “DNA Tricolor”, material usado para unificar as diretrizes em Xerém, Eduardo Oliveira deixou o clube em janeiro ao aceitar o convite do Cuiabá para dar o sonhado passo para o profissional.

Eduardo Oliveira comandou o Cuiabá no início do Campeonato Matogrossense — Foto: AssCom Dourado

Eduardo Oliveira comandou o Cuiabá no início do Campeonato Matogrossense — Foto: AssCom Dourado

No Dourado, Eduardo já teve até oportunidade de comandar o time principal e virou auxiliar técnico permanente do clube, atualmente em parceria com o treinador Pintado. E não deu nem três meses, e ele já vai reencontrar o ex-clube pela primeira vez como adversário. Neste sábado, às 21h (de Brasília), o Fluminense visita o Cuiabá na Arena Pantanal, pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro.

Em entrevista ao ge na última sexta-feira, no CT do Dourado, Eduardo projetou o confronto deixando “o sentimento de lado” e disse inclusive ter estudado e tirado lições da derrota acachapante do Fluminense para o Junior Barranquilla por 3 a 0 na Colômbia, pela Copa Sul-Americana. Ele acredita que o Cuiabá dará mais trabalho na Série A do que já deu no ano passado, quanto venceu Palmeiras, Bragantino, Athletico-PR… E tirou pontos fora de casa de Flamengo, São Paulo, Inter…

Confira a entrevista completa:

 

ge: Depois de muitos anos trabalhando na base, como tem sido essa sua primeira experiência no profissional?

Eduardo Oliveira: – Está sendo uma experiência muito interessante e desafiadora, porque é um contexto diferente. Por mais que na base hoje, no sub-20, você já lida com jogadores profissionais, que estão no profissional e descem para jogar, a rotina no futebol profissional é muito mais drástica. Tem mais jogos, viagens, competições, tem uma torcida que em todos os jogos apoia ou cobra o time, existem esses dois lados. Eu diria que o contexto é similar, porém, em uma escala muito maior no profissional. E está sendo super prazeroso poder estar em um clube pioneiro, emergente no futebol brasileiro, onde estou conseguindo fazer essa transição com muita tranquilidade, em uma função de auxiliar técnico com um treinador que tem uma história muito grande no futebol (Pintado), está sendo muito bacana.

– Foi logo que eu cheguei. Eles ainda estavam à procura de um treinador, e me foi oportunizado dirigir a equipe durante quatro rodadas. Foi uma experiência nova, que me fez crescer muito. Tenho certeza que está agregando muito na minha carreira. Eu vim para ser o auxiliar da casa, para que pudesse fazer essa transição e, no futuro, se tivesse a possibilidade, de assumir a equipe ou não aqui no Cuiabá. Mas isso é algo que não tenho pressa, sempre falei isso desde a época da base lá no Flu. Tenho a consciência que preciso trilhar uma jornada e aproveitar esse momento. Eu aproveitei todo o momento na base e estou aproveitando agora aqui.

É você que analisa os adversários para o Pintado?

– Isso é muito em conjunto. Temos uma análise de desempenho muito forte aqui no clube, já recebe muitos relatórios. Temos um grupo enxuto, mas temos que dar atenção a todos. Então desde a fase de planejamento de treinos, avaliação da equipe, análise do adversário… Todas essas função são divididas e oportunizadas para o Pintado, que vem gerindo isso de uma forma muito exemplar.

Auxiliar permanente acredita em Cuiabá mais forte em 2022 — Foto: AssCom Dourado

Auxiliar permanente acredita em Cuiabá mais forte em 2022 — Foto: AssCom Dourado

Analisar o Fluminense já está na ponta da língua, né?

– (Risos) Esse é o desafio, focar sempre no próximo adversário. Mas com certeza, o fato de conhecer alguns jogadores, mais até os que trabalharam na base do que os muitos que chegaram esse ano… Estão até com um modelo de jogo diferente do ano passado, mas estamos fazendo o nosso dever de casa e esperamos fazer uma boa partida.

Vocês viram a derrota do Fluminense para o Junior Barranquilla?

– Sim, a gente já analisou esse jogo e os últimos do Fluminense. É uma equipe muito perigosa, que não à toa é campeã carioca com méritos, que ganhou praticamente todos os clássicos. Temos muito respeito pelo Fluminense, mas vamos fazer o nosso dever de casa para estarmos preparados.

Deu para tirar lições do Junior Barranquilla 3 x 0 Fluminense?

“(Risos) Com certeza, mas isso ainda é sigilo, vamos tentar colocar em prática amanhã (sábado)”.

 

E como imagina que vai ser enfrentar seu ex-clube pela primeira vez?

– Ainda não sei, amanhã (sábado) vou saber. Existe o carinho, mas também existe o profissionalismo. Nunca vou deixar de ter o carinho pelo trabalho que a gente desenvolveu, as relações criadas. Mas sou profissional do futebol, represento hoje as cores do Cuiabá e vou levar isso para o campo.

Acha que levam uma desvantagem por conta da longa viagem de volta da Argentina, enquanto o Fluminense chegou aqui na quinta?

– A logística do profissional é um grande desafio. Dependendo da região geográfica em que o clube se encontra, ele vai ter benefícios ou dificuldades. Não sei (se terão desvantagem), são duas viagens longas de duas equipes que fizeram jogos pela Sul-Americana fora do país. Eu costumo ver o copo meio cheio, não meio vazio, então é uma excelente oportunidade para estar jogando novamente em casa, com o apoio do nosso torcedor, contra uma grande equipe do futebol brasileiro, e que a gente consiga dar segmento a essa caminhada que começou muito bem lá em Fortaleza.

– Acredito que o Cuiabá está se consolidando. Ano passado eu analisava muito o Cuiabá, e esse ano vi o esforço da diretoria em contratações, não só de jogadores, mas de outros profissionais, estrutura, parte de logística… Então existe um esforço muito grande para o clube se consolidar como clube de Série A. E nosso objetivo é evoluir temporada a temporada, em grandes competições do futebol brasileiro e sul-americano, para ir ganhando mais notoriedade, experiência.

Eduardo com os garotos do sub-20 do Fluminense no ano passado — Foto: Lucas Merçon / Fluminense FC

– Eu acredito que o Fluminense por si só é um clube que aproveita muito os jovens. Acho que igual o Fluminense hoje você vê o São Paulo, o Palmeiras em um passado recente também… São clubes referências na base, e isso é um exemplo para nós aqui no Cuiabá. Temos um novo gestor que é o Pedrão, que veio do São Paulo e vai fazer um trabalho minucioso aqui. A grande diferença é a identidade que o jogador sobe ao profissional. E o Fluminense é um desses grandes clubes, senão um dos que mais forma e oportuniza, que está tendo sucesso, não só esportivo, mas também financeiro.

Você trabalhou muito com o Luiz Henrique na base? Falou com ele depois da venda para o Betis? Acha que o futebol espanhol é uma boa para ele?

– A gente mantém contato muito através de rede social. Eu sou um grande torcedor desses jogadores com quem tive oportunidade de passar um tempo trabalhando. Não só eu contribuí para eles, mas eles também contribuíram demais em minha formação, como pessoa e profissional. E sim, depois da Taça Guanabara, do Carioca, sempre mando uma mensagem positiva dentro desses grupos, mas não entrei em detalhes, nem com o Luiz Henrique nem com nenhum outro. Isso faz parte da carreira deles. São jogadores que têm uma boa estrutura familiar e mental, pelo trabalho que foi feito na formação. E tenho certeza que as decisões são tomadas de cabeça fria, pensadas pelo estafe. Torço muito para que o Luiz Henrique tenha bastante sucesso no futebol espanhol.

E seu irmão, Guilherme Torres, tem acompanhado esse início de trabalho dele no seu antigo cargo no Fluminense?

– O Gui é um parceiro meu, a gente se fala praticamente todos os dias. Não só da parte profissional, mas também da pessoal. E fico feliz de ver que ele foi o escolhido pelo clube de ascender para o sub-20, que é uma categoria totalmente diferente da sub-17. Estou muito na torcida para que ele possa fazer um grande trabalho e no final do ano possa estar comemorando. O mais importante é estar feliz, e vejo que ele está feliz lá. O que eu puder dar de apoio para ele, com esses jogadores que estão com ele no sub-20, eu vou sempre tentar contribuir.

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andre.luiz
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